
GITEX, evento de inovação de Dubai, anuncia edição no Brasil em 2027

O GITEX, evento de tecnologia e inovação realizado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, está chegando ao Brasil. A cidade de São Paulo receberá a conferência em março de 2027, nos dias 16 e 17 de março, em local que ainda será confirmado. O anúncio foi feito nesta terça-feira (14/10), durante a 45ª edição do evento em Dubai.
“Nós somos construtores de ecossistema e, em virtude da nossa rede global, vamos trazer muitos relacionamentos e oportunidades de investimento para o Brasil e para São Paulo”, afirma Trixie LohMirmand, vice-presidente executiva do Dubai World Trade Centre (DWTC), organizador do evento, em entrevista exclusiva a PEGN.
Criado em 1981 como Gulf Computer Exhibition (Exibição de Computadores do Golfo, em tradução livre), o evento ocupava apenas um hall e recebeu cerca de 3 mil visitantes. Renomeado para GITEX em 1998, a conferência comemora 45 anos com a presença de mais de 6,8 mil expositores, mais de 2 mil startups e 200 mil participantes de 180 países.
“Éramos um simples show no deserto e espelhamos a trajetória de crescimento de Dubai e dos Emirados Árabes Unidos. Somos guiados por uma missão de unir o ecossistema, ligando o setor privado e público para atuar juntos”, pontua a executiva. Ao longo dos últimos anos, a marca se expandiu para outros países, com edições na África (Nigéria, Marrocos, Quênia), na Ásia (Cingapura, Cazaquistão e Vietnã) e Europa (Berlim).
Agora, o GITEX desembarca pela primeira vez na América Latina. O Brasil já se tornou casa para outros eventos internacionais de tecnologia e inovação nos últimos anos: o espanhol South Summit escolheu Porto Alegre (RS), onde acontece desde 2022 – a edição de 2026 está marcada para março. Já o irlandês Web Summit, realizado em Lisboa, Portugal, desde 2017, ocorre no Rio de Janeiro desde 2023 e já anunciou a edição de 2026 para junho.
Segundo LohMirmand, a escolha por São Paulo se deu porque a cidade é o principal hub de inovação do país e da América Latina, atraindo bilhões em investimentos e tornando-se celeiro para unicórnios. A executiva aponta que o Brasil é um país continental, com mais de 200 milhões de habitantes, e compara com a Nigéria.
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“Ao olhar para os dois países, nos perguntamos por que não se fazia mais para permitir que o mundo vivencie a energia, o talento e a ambição. É mais do que realizar um evento, é sobre posicionar São Paulo como porta para o Brasil e a América Latina”, comenta. A conferência será realizada em parceria com a Prefeitura de São Paulo e a executiva afirma que conversas com outros potenciais apoiadores já se iniciaram, mas não revelou nomes. Ela antecipa que os contatos devem se intensificar após o anúncio.
"São Paulo é o maior ecossistema de inovação na América Latina, com mais de 3 mil startups e 112 hubs de inovação. Somos a capital econômica e tecnológica do Brasil. O GITEX vai conectar a nossa cidade ainda mais à comunidade tecnológica global. Estamos comprometidos a fazer uma edição memorável", afirmou Rodrigo Goulart, secretário municipal de desenvolvimento econômico de São Paulo, durante o anúncio.
LohMirmand afirma que as conversas para trazer o evento para o Brasil se iniciaram há alguns anos, mas que o avanço da inteligência artificial nos últimos anos possibilitou o que ela chama de “contexto certo”. “Com o interesse dos Emirados Árabes Unidos por investimentos, pesquisa e colaborações globais de IA, sentimos que é o momento perfeito para construir essa ponte e colocar o Brasil e a América Latina no mapa global”, aponta.
Nos últimos anos, a participação de startups brasileiras cresceu no evento. Em 2023, eram 20 empresas expondo na Expand North Star (conferência que faz parte da programação do GITEX) e, neste ano, 50 startups e dois hubs brasileiros participam do encontro com apoio da ApexBrasil. O Brasil também ocupa a posição de país parceiro neste ano.
Tatiana Riera, chefe do escritório da agência de promoção de exportações e investimentos em Dubai, reforça o trabalho realizado nos últimos anos para conectar os ecossistemas, como um road show para apresentar cidades brasileiras aos executivos do GITEX. “Não teria outra escolha sensata. Vamos ver um fluxo positivo de pessoas internacionais no Brasil, conhecendo e interagindo com startups brasileiras”, afirma.
LohMirmand pontua que a escala do evento deve ser menor do que a conferência de Dubai e a programação será voltada para os pontos fortes do país, mas destaca que o projeto vai crescer em fases. “Queremos focar na curadoria para ter certeza de que apresentamos as empresas certas aos investidores que estarão conhecendo o mercado”, aponta.
Nesta terça-feira (14/10), o GITEX também anunciou eventos em outros três países nos próximos anos: Sérvia, Índia e Turquia.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios